Proposta
Dois velhos conhecidos encontram-se e trocam saberes sobre a vida.
- Eu conheci uma coordenadora pedagógica e professora que dizia “se eu faço um bolo diferente, eu tenho de prová-lo antes de servi-lo aos convidados”.
- E o que, exatamente, ela queria dizer com essa frase?
- Ela se referia a alguma nova técnica de ensino que ela estudava e que ela se sentia obrigada a testar, antes de divulgá-la aos demais professores.
- Muito sensato. Na teoria e no papel, tudo funciona. Já na prática...
- Exato. E nada melhor que o autor da sugestão experimentar a sua sugestão na prática. Refiro-me, agora, aos políticos do legislativo e do executivo.
- Entendi e concordo. Aquele cruzamento perto de casa é um absurdo: a preferencial não pode ser a preferencial. Quem definiu isso não passa por lá.
- É isso. Aqui, temos três ruas de mão única, todas no mesmo sentido. Quem definiu uma bobagem dessas não circula por aqui. O retorno é imenso...
- Nossas UBSs estão sem médicos especialistas há meses. Se algum parlamentar ou um secretário de governo usasse os serviços das UBS, isso mudaria. Imagine o prefeito ou a vice sem atendimento por falta de médicos.
- Aqui predomina a cultura dos privilégios. As autoridades seguem por atalhos que não estão disponíveis para o cidadão; o atendimento deles é sempre imediato. Autoridades não se submetem a filas de espera.
- Pense, por exemplo, se as autoridades de uma cidade como a nossa tivessem de usar o transporte público para seus deslocamentos profissionais. Você acha que não apareceriam novas soluções?
- Certamente! Pense nas escolas públicas se os filhos e filhas das autoridades da cidade estudassem nessas escolas. Faltariam uniforme, merenda ou professor? Os banheiros estariam sujos, sem água, sem papel higiênico?
- Se eu faço algo que eu considero bom, eu consumo isso que fiz. Se eu não consumo, algo está errado. Se não serve para mim, serve para os outros?
- E há pessoas que acreditam que nós não vivemos num sistema de castas. O dono do restaurante bandejão não come da comida feita lá. Interessante, não?