Desligado
Dois velhos conhecidos encontram-se e trocam saberes sobre a vida.
- Leio, absolutamente espantado, que passaremos de 513 para 531 deputados federais. Certamente haverá o efeito cascata para os deputados estaduais.
- Li, hoje, que o conselho de justiça federal emitiu uma resolução que permite que folgas e férias de um juiz possam somar até 202 dias no ano. Ou seja, o magistrado passa a poder folgar até 8 dias extras no mês.
- Em São Paulo, deputados estaduais tiveram aumento de 37,3% em três anos. E nós, os aposentados, tivemos aumento de 3,71% em 2024, e de 4,77% em 2025. Se nosso aumento fosse maior, a Previdência iria à falência.
- O que chama a minha atenção é que essas duas notícias praticamente não geraram comoção alguma. Tudo é noticiado meio de lado, como se nada fosse.
- Verdade. Um beijo gay em um shopping ganha muito mais destaque do que o aumento do número de parlamentares ou de regalias para magistrados.
- O que a nossa indignação e a de mais um punhado de gente produz? Nada! A massa nem sabe o que são deputados e magistrados e como se relacionam com as nossas vidas.
- Interessante é constatar que mesmo com a velocidade incrível das redes sociais, a preocupação com esses temas cruciais parece próxima de zero.
- Será que nos tornamos uma sociedade de anestesiados? De alienados?
- Nós dois, não! E há vários como nós, mas no todo, somos um número insignificante. Não temos força política para qualquer manobra.
- Então, o que nos resta? Assistir a tudo isso passivamente? Sem reação?
- E não é isso que temos feito ao longo de décadas? Enquanto nação, quantos de nós têm algum interesse político? Algum engajamento com um mínimo de efetividade?
- Você está certo. E quem teria esse poder transformador está empenhado em manter os seus próprios privilégios. “Se está bom para mim, que fique assim...”
- Eu não sou contra privilégios e regalias, mas gostaria que houvesse uma melhor distribuição de privilégios. Muito, concentrado na mão de poucos...