× Capa Textos E-books Fotos Perfil Prêmios Livro de Visitas Contato Links
René Henrique Götz Licht
Escritos de uma vida
Textos

Cura 

 

Dois velhos conhecidos encontram-se e trocam saberes sobre a vida.

 

- Li uma mensagem real, não dessas fabricadas por IA, que um pai enviou a um homem que autorizou a doação de todos os órgãos de seu companheiro com quem era casado. Não consegui conter as lágrimas, meu amigo.

 

- É mesmo? Alguém da família desse pai recebeu algum órgão?

 

- Sim, seu filho de 30 anos, recebeu o coração do companheiro. O pai escreve que não se sentia no direito de invadir o luto desse homem com a sua alegria, mas que o homem queria que alguém vivesse com os órgãos doados.

 

- Essa colocação é forte: não querer invadir o luto com a sua alegria. E, pelo visto, o homem que autoriza a doação vivia uma relação homoafetiva, não?

 

- Exato. O pai relata que nunca aceitou a orientação do filho, por influência dos seus pastores, mas que o coração que batia animadamente no peito do seu filho era o coração de um homem que amava e era amado por outro homem.

 

- Eu acho que choraria como você, viu? A vida tem dessas artimanhas...

 

- O pai continua dizendo que sabia que o filho tinha um companheiro que nunca o abandonara nesses momentos em que a morte o visitava. E que a família nunca quis saber desse companheiro, até se encontrarem no hospital.

 

- É mesmo? E o pai comenta sobre a reação deles, com esse encontro?

 

- O pai relata que sua esposa cercou o companheiro no quarto do filho para abraçá-lo e que ele, pai, também foi abraçar o companheiro. Os quatro teriam inundado o quarto do hospital com lágrimas de cura. Lágrimas de cura.

 

- É, foi mais que a doação de um coração. Muito mais para todos...

 

- Os pais do companheiro também não o aceitavam, nem seu relacionamento. O pai escreve que naquela mesma noite foram à casa dos pais do companheiro. O filho tocou a campainha e quando o pai veio atendê-los, a mãe disse-lhe que vieram para conhecer os pais do seu genro. Imagine só!

 

- Minha nossa! E como isso terminou? Estou emocionado com essa história...

 

- As duas famílias estão unidas pelos filhos. O pai credita ao companheiro responsável pela doação a cura não de uma, mas de quatro vidas! E não é?

René Henrique Götz Licht
Enviado por René Henrique Götz Licht em 21/05/2025
Copyright © 2025. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
Comentários