Dois velhos conhecidos encontram-se e trocam saberes sobre a vida.
- Eu ando abismado com o nível das postagens que alguns vizinhos fazem no grupo do condomínio, no WhatsApp. Chega a ser assustador.
- No meu condomínio há casos assim. Falam do síndico como se estivessem falando com um atendente desconhecido, de alguma prestadora de serviços.
- Sim. O alvo é o síndico. Muitas críticas são pertinentes, mas a forma beligerante e desrespeitosa como são redigidas faz o queixoso perder a razão.
- No meu condomínio, uma moradora afirma que o síndico se sente o dono do prédio. Ela não percebe que se sente a dona do grupo de WhatsApp.
- Isso acontece pelo distanciamento. Se fosse contato pessoal, direto, a escolha das palavras seria outra, assim como o tom empregado.
- Esbravejar com um atendente de uma prestadora de serviços é diferente de esbravejar com o síndico, em um grupo de condomínio. As pessoas do grupo acabam por se encontrar no elevador, no hall, ou na garagem.
- E quem tem esses acessos de fúria geralmente é pessoa com formação, bem empregada. Mas o distanciamento quando o contato é por redes muda tudo.
- Sim. Todo mundo fica mais valente ao digitar mensagens. Ninguém pensa que amanhã encontrará as pessoas diante das quais perdera o controle.
- Aqui no condomínio, as frases postadas são evidência para um processo por assédio moral, já que tudo é publicado no grupo do condomínio.
- E com a mania que permeia a sociedade de judicializar tudo, o cenário piora.
- O que eu não entendo é que o síndico foi reeleito por maioria absoluta, inclusive por aqueles que reclamam. Seu estilo de gestão é o mesmo de antes.
- Essa é uma tarefa das mais ingratas. O reconhecimento é nulo, mas as críticas são frequentes e severas. Se o síndico renuncia, não há opção melhor.
- Falta educação às pessoas. Boas maneiras, etiqueta básica. Falta gentileza. Falta disposição para conversar sem insultar.
- Será que estamos aprendendo alguma lição? É difícil conviver com pessoas...