Dois velhos conhecidos encontram-se e trocam saberes sobre a vida.
- É interessante como as redes sociais permitem que qualquer idiota tenha visibilidade. E alguns idiotas são muito convincentes nas suas argumentações.
- Sim, principalmente quando conhecem as técnicas de retórica e saem falando sem hesitação, sem paradas, transmitindo segurança no que afirmam.
- Alguns desenvolveram até um gestual próprio, uma coreografia de movimentos das mãos, da cabeça e do corpo todo. A presença cênica acaba sendo convincente, mas o discurso é da profundidade de um pires.
- E muito interessante é que o idiota não tem consciência de que é idiota.
- Não. Se tivesse, já deixaria de ser idiota. Alguns tem momentos de idiotice, mas logo caem em si e recuperam a sobriedade e a razão.
-Você já tentou parar um idiota? Convencê-lo de que estava dizendo idiotices?
- Já, nos meus tempos de total imaturidade, em que eu achava que podia ajudar certas pessoas. O idiota raiz orgulha-se de ser como é, até porque conta com os idiotas que o admiram e aplaudem.
- Quando deparo com um idiota raiz nas redes sociais, ignoro-o. Quando encontro com um, ao vivo, encurto o assunto e sigo meu caminho.
-Todo idiota está à procura de um par de ouvidos para doutrinar. Se, por educação, a gente parar para escutá-lo, isso só o estimulará a ser cada vez mais inconveniente.
- Sim! Não tenho mais vocação para ser plateia para idiota algum. Ao menor sinal que a avalanche de idiotices vai começar, desconverso e, sem rupturas nem grosserias, tomo meu rumo.
- Numa postagem norte-americana, um sujeito diz que se alguém disser “Ele é um idiota”, a maioria da população saberá de quem se trata. Você já viu essa?
- Já! E achei muito imaginativa. Nenhum nome é mencionado, mas na mente de cada um que assiste à postagem surge imediatamente um nome. Há várias dessas postagens, com variantes. Numa, é dito que há quase unanimidade.
- E se aqui alguém dissesse “Ele é um idiota!”. Qual nome seria unanimidade?