Dois velhos conhecidos encontram-se e trocam saberes sobre a vida.
- Eu tenho acompanhado, com certa preocupação, os avanços das forças conservadoras nos Estados Unidos e na Alemanha.
- Os conservadores são os de direita; os republicanos. No outro polo estão os progressistas, de esquerda; os democratas. E já se emprega o termo extrema.
- Você deve se lembrar quando celebramos os 50 anos da Vera. Era 2010. Conversamos sobre as guinadas políticas: quando os povos se mostram cansados de um polo e caminham para abraçar o polo oposto.
- Lembro-me bem. É o que vem ocorrendo, com o crescimentos dos republicanos, os conservadores, os de direita, tanto nos Estados Unidos como na Alemanha. Aqui e na Argentina a ação desse movimento pendular é visível.
- E não é difícil de se entender. Com o passar dos anos, os modelos políticos perdem força, perdem capacidade de responder às demandas da população. Instalam-se crises econômicas e sociais. E o polo oposto vai ficando atraente.
- Parece que a globalização, a aproximação gerada pelo uso da internet, acelera a migração para o outro polo. Alguns países receberam talvez muito mais imigrantes do que tinham capacidade estrutural de acomodar.
- Pois é. Acolher imigrantes que chegam à deriva é um ato humanitário, mas onde abrigá-los, alimentá-los, dar-lhes cuidados médicos? E como ficam os cidadãos locais? Eles acabam sendo afetados diretamente.
- Claro. No ambiente micro ouve-se “vamos receber os imigrantes, mas não perto de nossas casas”. A imigração desordenada traz muitos subprodutos como competição por emprego, queda nos salários, aumento da violência etc.
- Basta olharmos para o Brasil. Houve mobilidade do parque industrial de uma cidade para outra. Houve fechamento de indústrias e de vários dos fornecedores. Como os jovens das periferias conseguem trabalho?
- As escolas estão cada vez piores. Continuam ensinando oração coordenada assindética e equação do primeiro grau para jovens que não conseguem ler e entender frases simples, e não sabem como se expressar. Todos diplomados.
- Isso tudo, sem mencionar o avanço da tecnologia e da automação. Será que algum governante está preocupado com isso? Ou a preocupação é só retórica?