Pátria educadora
Dois velhos conhecidos encontram-se e trocam saberes sobre a vida.
- De manhã, li na Folha que alunos terminam o ensino médio sem saber calcular porcentagem. E que o sistema educacional brasileiro está estagnado em patamares de aprendizado muito baixos.
- Nós dois falávamos disso há 15 anos, não? Parece-me que as autoridades desse sistema educacional estão um tanto atrasadas nas suas constatações.
- Imagine que os alunos do 3º ano do ensino médio das escolas públicas, em matemática e português, estão no nível 2 de proficiência, em uma escala que vai de 1 a 8. Nível 2!
Os alunos do 9º ano das escolas públicas, em matemática e português, estão no nível 3 de proficiência, em uma escala que vai de 1 a 9. Outro horror!
- Há uma minoria passável, mas a maioria esmagadora está nesse perfil. Nós sentíamos isso com nossos estudantes universitários, incapazes de entender instruções simples. Não seguiam as instruções porque não as haviam entendido. O que aprenderam nos anos anteriores? Zero!
- Entravam na universidade como legítimos analfabetos funcionais e saiam da universidade diplomados, e continuavam analfabetos funcionais. Entraram sem saber pensar e saíram sem saber pensar. Mas pagaram as mensalidades...
- Faz décadas que as escolas deixaram de ensinar a pensar. Hoje, muitos professores não têm ideia do que seja pensar, comparar e contrastar.
- Agora, pense na multitude de alunos que cursaram o ensino médio ou a faculdade nos três anos de aulas remotas, na pandemia. Se o modelo presencial não vinha produzindo resultados, imagine o remoto.
- Fato é que a educação se tornou business. São negócios, e negócios precisam gerar lucros. O aluno tornou-se cliente numa cultura em que o cliente tem sempre razão. A ordem velada, nunca dita, é aprovar. Promover!
- Assim como a saúde. A ordem é prescrever exames e mais exames porque alguém ganha com isso. Onde foi que nos perdemos dessa forma?
- Os supermercados aqui da região têm vagas que não conseguem preencher. Os candidatos não conseguem ler e entender frases elementares. E pelo salário ofertado, dificilmente conseguirão admitir um funcionário alfabetizado.
René Henrique Götz Licht
Enviado por René Henrique Götz Licht em 17/08/2024
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