Escravidão
Dois velhos conhecidos encontram-se e trocam saberes sobre a vida.
- Você já pensou como se deu a escravidão no Brasil? Como os negros foram trazidos de países africanos até o Brasil?
- Lembro-me vagamente das aulas de história em que os navios negreiros portugueses voltavam carregados de bantos e sudaneses lá da África. Só isso.
- Certo. E como esses navios eram carregados com os escravos? Como os negros eram capturados para serem embarcados nos navios portugueses?
- Sabe que nunca pensei nisso? Eu imaginava que a tripulação saia à caça dos negros, juntava-os e colocava-os nos navios. Mas isso agora soa-me absurdo.
- Eu pensava do mesmo jeito. E muitos pensam assim. A tripulação dos navios descia em algum porto, embrenhava-se selva adentro sem conhecer coisa alguma daquela realidade, enfrentava feras e guerreiros nativos, saia vencedora e voltava com centenas de negros escravos. Não era assim?
- Agora eu vejo como fui ingênuo. É óbvio que não pode ter sido assim. A tripulação seria emboscada e morta em questão de dias, seja pelos nativos ou pelas feras locais. Mas..., acho que estou começando a ver o seu ponto...
- O fato é que os navios portugueses atracavam em algum porto e lá mesmo eram abastecidos com centenas de negros meio imobilizados. Negros fortes, saudáveis e aptos para o trabalho pesado.
- Como se fossem carga. Uma carga, nesse caso, perecível. Levariam algumas dezenas a mais pois sabiam que durante a longa viagem de volta, alguns não resistiriam. Isso cheira a comércio, não?
- Certo. Mas falta-nos entender esse elo que você chamou de comércio. A multidão de negros estava ali mesmo, no porto, pronta para ser embarcada para serem escravos. Você já identificou o elo que nos falta?
- Acho que sim. Os próprios países africanos capturavam os seus negros e, por meio de acordos comerciais entre países, esses negros eram vendidos como escravos ao primeiro que os viesse retirar.
- Isso muda nossa crença, não? Homens e mulheres sendo capturados pelos seus, para serem vendidos como escravos para outros. Eu nada sabia disso...
René Henrique Götz Licht
Enviado por René Henrique Götz Licht em 25/05/2024
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