Dois velhos conhecidos encontram-se e trocam saberes sobre a vida.

- Sempre que nos encontramos, fico pensando em construções do nosso idioma. O que você pensa de “Deixaram ele sozinho” e “O deixaram sozinho”?

- Tecnicamente, as duas estão incorretas, embora sejam comuns na fala e na escrita. A versão correta, “Deixaram-no sozinho”, é tão pouco usada que soa estranha. Para alguns, pode até soar errada. Veja só que paradoxo!

- No portal do R7 li “Moraes nega pedido para afastar ele próprio de processo”.

- É o que encontramos por aí. Por que não “Moraes nega pedido para afastar-se de processo” ou, algo mais contundente, “Moraes nega pedido para afastar a si mesmo de processo”. O “afastar ele” não passa. “Afastá-lo” ou “Afastar-se”.

- Lembro-me de ter lido, sobre vereadores, que “Eles se autopromoveram”. É um pleonasmo. “Eles se promoveram” já dá a ideia de que fizeram algo para si.

- Falando no tal “se”, em posts, nas redes sociais é comum ler-se “Vamos se ver quando?”. Nunca! Se for “Vamos nos ver quando?”, há possibilidade... Gosto da versão “Ver-nos-emos quando?”, mas sei que se tornou impossível.

- Você já notou a confusão feita entre “independente” e “independentemente”? Tenho visto quase que só o “independente” sendo empregado.  

- “Ele é um aluno independente” e “Ele estuda, independentemente do dia”. O “independente” refere-se a “aluno” e o “independentemente” refere-se a “estuda”. Um vem com o substantivo “aluno”; o outro, com o verbo “estudar”.

- Uma locutora avisa “Eu te faço compania até meio-dia e meio”. Frase pequena com erros feios. Por que não “Eu faço companhia a você até meio-dia e meia”? Ou “Faço-lhe companhia até meio-dia e meia”. É “companhia” e meio-dia e meia, de meia hora, isto é,12h30. Vamos preferir o “você” ao “te”.

- E quanto ao “Ele vai repetir de ano”? Vamos empregar a forma correta: “Ele vai repetir o ano”. O que você pensa disso?

- Estou convencido que ele será aprovado, independentemente do que disser. Apontar erros, corrigir, ser reprovado, não são comportamentos politicamente corretos nos tempos que correm. Além disso, aluno é cliente e representa receita. Já o professor representa despesa. Quem será que leva a melhor?