Josimar encontra sua colega de mercadinho no ponto de ônibus e conversam.
- Oi, Rosi. Como você está? E sua mãe? Você ainda vai ao mercadinho?
- Oi, Josi. Nem me fale, viu! A vida tem me pegado de jeito, rapaz.
- Sua mãe ainda está hospitalizada, Rosi?
- Não. Teve alta e foi para casa.
- Ah, que bom. E ela tem dado trabalho para você?
- Agora não mais. Também, foi para a casa de Deus, né?
- Como assim? Sua mãe partiu, Rosi?
- Do nada. Teve alta, foi para casa, fez faxina e até assou um frango.
- Mas ela teve um mal súbito, algo assim? Uma parada cardíaca?
- Ela estava ótima, Josi. O amante dela apareceu e ela tomou dois tiros.
- Minha nossa, Rosi! Sua mãe foi assassinada pelo amante?
- Foi e nem chegou a comer do frango, coitada. Frango com batatas.
- Meus sentimentos, Rosi. Que tragédia!
- Tragédia? A tragédia veio depois. Você nem imagina, Josi.
- Não me diga que o amante voltou para pegar mais alguém.
- Adivinhão. Voltou para pegar o meu namorado. Um horror, sabe?
- Não me diga que ele matou seu namorado também?
- Antes fosse, Josi. Antes fosse. Um problema a menos. Mas, não...
- Mas o que o amante da sua mãe queria com o seu namorado, então?
- Segundo ele mesmo, acertar as contas do passado, pode?
- Sim, Josi, que contas? Que acerto? O que isso significa?
- Eles acertaram as contas. Ele veio para roubar o meu namorado.
- E seu namorado fez BO? Precisa dar queixa na polícia, Rosi.
- Josi, você não entendeu. Ele e o meu namorado fugiram.
- O quê? Ele roubou o seu namorado e depois fugiu?
- Josi, ele e o meu namorado fugiram juntos. Como casal, entendeu?
- O assassino da sua mãe fugiu para ficar com o seu namorado?
- Eu já andava desconfiada, sabe Josi, que os dois tinham um caso.
- Eu estou chocado. O assassino da sua mãe foge com seu namorado.
- Apagar a minha mãe, até aí eu entendo, mas roubar o meu namorado?