Dois colegas de trabalho almoçam em uma churrascaria e conversam:
- Não é da minha conta, mas você já pensou que é errado o que você faz?
- Não é da sua conta? Especificamente, a que você se refere?
- Você sabe. Ir para a cama com homens.
- Errado para quem?
- Para Deus. Ofende sua lei. É uma abominação, sabia?
- Você já pensou que ofende suas leis?
- Posso até fazê-lo, mas é involuntário.
- Acho que não! Essa linguiça e esse lombo são de porco. Porco é proibido.
- Mas essa proibição foi levantada coma vinda de Jesus.
- Então, Deus errou? Ele se arrependeu? Como é isso?
- Não, Deus não erra. Os tempos mudam. Algumas coisas perdem o sentido.
- Então, você já respondeu. Algumas regras do passado perderam o sentido.
- Não, no seu caso. Você deveria respeitar valores bíblicos e nobres.
- Então, vamos começar por você dando o exemplo. Pare de comer carne.
- Nós estamos numa churrascaria. E eu não vou vegetariano.
- Pois eu quero que você seja vegetariano.
- Mas isso é um absurdo, você querer que eu seja vegetariano na churrascaria.
- Não é, não. Nem precisa virar vegano. Você ajudará o planeta. Vamos, pare!
- Dê-me um bom motivo para eu deixar de comer carne. Só um.
- O motivo é: eu quero que você seja vegetariano.
- Então, seja você. Eu como verduras, mas sou carnívoro e gosto de ser assim.
- Negativo! O que importa é o que eu quero de você e não a sua vontade.
- De onde você tirou esse absurdo, hein?
- Oras, de você mesmo. Você quer que eu seja hétero, não?
- Mas são situações totalmente diferentes. Você está confundindo tudo.
- Não são. Você quer interferir na minha liberdade de fazer escolhas.
- Eu não quero. Quem quer é Deus.
- Então, você é porta-voz de Deus para algo que você não quer, só ele?
- Deus não aprova que um homem se deite com outro.
- E Deus não aprova que você coma carne e aumente o efeito estufa.
- E quem disse isso a você? Ele mesmo?
- Sim. Deus me comunicou isso diretamente. Então, não toque mais na carne.
- Você ficou maluco. Parece um daqueles ecochatos insuportáveis.
- Bem, você parece um daqueles religiotas insuportáveis.
- Assim, você me ofende. Eu só quero que você cumpra as leis de Deus.
- Assim, você me tira o livre-arbítrio. Contente-se em cumpri-las você mesmo.
- Você não tem medo de perder a sua salvação?
- Eu tenho medo de gente que quer impor a sua vontade, usando Deus.
- Eu não uso Deus; ele é quem me usa. Eu faço a vontade dele.
- Eu também faço a vontade dele. Cada um é cada um. Viva e deixe viver!