O que não vivo no mundo, vivo-o na escrita;
o inconfessável, revelo-o nos meus poemas.
Dor que ser algum entenderia é-me restrita;
Impossível demonstrar, tal alguns teoremas.
Conversar consigo é esforço inócuo, tão tolo;
contar tudo às paredes parece boa solução.
Nada como o escrever para esforçar o miolo
ajuntando-se o bônus de dar alívio ao coração.
Escrever é um nobre ato de bravura mental:
organiza ideias, afetos e fortalece o superego;
atiça uma força racional, encoraja o emocional.
Pode parecer simples como a montar lego;
é trabalho de escavação íntima fenomenal:
requer bem mais destreza que bater prego.