Faz-me falta, mas respiro e vivo;
tento ser lúcido para relembrar.
Sentir aquele beijo não sentido;
corpo dolente, meigo, a suplicar.
Querer avançar e não ter coragem:
é haver água e achar ser miragem.
palavra travada na ponta da língua;
são emudecidos fonemas à míngua.
Mais uma oportunidade desperdiçada;
uma fantasia pela inanição desfeita:
estaria esta existência amaldiçoada?
Não adianta: só ilusão resta na patena!
Exceto as lembranças, nada me deleita,
só nosso passado minh’alma serena.