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René Henrique Götz Licht
Escritos de uma vida
Textos
Rituais
Os ventos uivavam, impetuosos;
as janelas abertas batiam asas, sincopadas;
na cabana escura, dançavam vultos tenebrosos
para ajuntar as mil almas, todas usurpadas.

Num canto, acocorada, inspirava-se a morte
sobre um próximo desenlace;
os vapores frêmitos eram seu consorte
a energizar sua desfigurada face.

A turba, agitada, viu-se faminta;
manjares logo mais seriam servidos;
o menu lia horas, dias e semanas, à finta;
para anestesiar os que seriam abduzidos.

A noite, densa, finalizando seus vapores,
silenciava os ventos; escolhia suas alfaias;
os manjares consumidos em estupores,
enquanto a morte nomeava novas aias.

Saciados, todos se puseram à labuta
para ceifar o que fora programado.
Ao amanhecer, o sol ergueria sua batuta
e regeria mais um dia, como diagramado.
René Henrique Götz Licht
Enviado por René Henrique Götz Licht em 11/06/2021
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